INCLUSÃO SOCIAL

Enquanto as inclusões forem conseguidas por meio de leis e decretos, sabemos que elas ainda não existem. Inclusão verdadeira é conseguida quando ela passa a representar um processo probabilístico natural das distribuições também naturais das expressões da população.

Explico melhor. Imagine três perfis: A existe em 30% da população, B em 50% e C em 20%. Considerando que todos esses perfis tenham iguais chances e capacidades de concorrência, espera-se percentuais parecidos nas conquistas. Do contrário, algumas vantagens ou desvantagens podem estar atuando.

Para saber a efetividade das ações sociais que visam eliminar as injustiças que possam estar atuando nesse sistema, precisamos deixá-lo se expressar livremente para computarmos os percentuais. Quanto maior as diferenças em relação às distribuições naturais na população, maiores são os indícios de que alguns fatores externos possam estar atuando nesse desvio.

Em ambiente social humano, que é bastante complexo, desejos e forças de influências midiáticas podem também influir nessas conquistas, aumentando ou reduzindo as procuras, assim podendo justificar algumas distorções entre os percentuais praticados e aqueles da distribuição populacional. Por ex.: “eu posso, eu tenho plenas condições, o sistema é justo, mas eu não quero”.

Quando as distorções ocorrem mesmo com os elementos de cada perfil desejando ocupar a posição social em destaque, então é aí que as ações de inclusão devem tomar parte. Num momento inicial, elas podem contrariar as capacidades, mas jamais tirar o foco de eliminar as travas injustas e de fornecer as condições para as capacidades necessárias. Quando isso é conseguido, espera-se que naturalmente os percentuais populacionais sejam expressos no dia a dia.

Por isso, a inclusão ideal só ocorre quando não precisamos abrir portas, cavar oportunidades ou mesmo dar conquistas. Ela só terá ocorrido quando isso não mais precisar de amparos externos. Essa deve ser a busca para qualquer situação que precise inclusão. Resolvê-la por decreto é condição emergencial, mas que nem sempre contribui para o sucesso do processo inclusivo, pois pode favorecer a falta de esforço dos supostos favorecidos.

Assim, o sonho democrático é que um dia as diferenças sociais sejam reflexo exclusivamente dos percentuais naturais de cada perfil na população, desde que cada um se sinta bem com cada um de seus inúmeros perfis.

 

[Texto originalmente publicado no LinkedIn de Gilson Volpato]

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